quarta-feira, maio 25, 2005

A queda do cabresto

No ano em que o Name it Yourself gravou sua primeira fita-demo (Children Revolution/2000) estava reunido com meus velhos primos em uma daquelas reuniões de família. Ironicamente, meu primo Rinaldinho (ex-anarcopunksocialista) comentou que um dia eu iria “abrir” minha cabeça para outros estilos musicais, que não o hardcore/punkrock. Eu dei risada. Bem, cinco anos depois aqui estou eu admitindo que o Rinaldinho foi um cara de visão. Bem, ele previu. Mas claro que minha cabeça foi sendo aberta aos poucos na faculdade e na vida mansa de São Carlos. Primeiro entram os Beatles (esses graças ao show espetacular da banda The Beatless. Depois, o sertanejo raiz de Tião Carreiro e Pardinho e Léo Canhoto e Robertinho. Os velhos violeiros foram seguidos por Cazuza e o seu Barão Vermelho, Pink Floyd, Jethro Tull... Pois bem! Rinaldinho tinha razão. E, sinceramente, fico feliz que ele tenha tido mesmo. Recentemente, graças a minha sábia amiga Iraima (que em um momento muito oportuno me receitou escutar algumas canções específicas) e a minha amigona Luciana (que me providenciou quase toda discografia) eu enfiei na minha cabeça (e, porque não, no meu coração) Chico Buarque. Seja bem-vindo Chico, acomode-se ao lado da miscelânea musical que levo comigo. Talvez um dia eu te deixe sentar ao lado dos Ramones.

Aproveito para deixar uma letra formidável desse poeta-cantor-compositor-escritor-gênio-brasileiro.

Um beijo em vocês!

Futuros Amantes


Composição: Chico Buarque



Não se afobe, não

Que nada é pra já

O amor não tem pressa

Ele pode esperar em silêncio

Num fundo de armário

Na posta-restante

Milênios, milênios

No ar



E quem sabe, então

O Rio será

Alguma cidade submersa

Os escafandristas virão

Explorar sua casa

Seu quarto, suas coisas

Sua alma, desvãos



Sábios em vão

Tentarão decifrar

O eco de antigas palavras

Fragmentos de cartas, poemas

Mentiras, retratos

Vestígios de estranha civilização



Não se afobe, não

Que nada é pra já

Amores serão sempre amáveis

Futuros amantes, quiçá

Se amarão sem saber

Com o amor que eu um dia

Deixei pra você



segunda-feira, maio 23, 2005

Ah mulher...

Ah, mulher
Não seja tola
De acreditar
Que se ele traiu uma vez
Nunca mais trairá


Ah, mulher
Que tem de bom em ser
A moça da vez?
É você...
E mais outras três!


Ah, mulher
Como pode não ver
Que é tudo conversa,
E você ainda cai nessa
De que ele vai te amar?


Ah, mulher
Ah, mulher!
Que tanto espera?
Já passou a hora
De mandá-lo andar


Pô! Mulher!
Abre teus olhos
E vê se enxerga
Que esse cara
Não te merece, mulher!

domingo, maio 15, 2005

Hai-Kai

Hai-kai é um estilo poético originado no Japão medieval e que consiste em três versos, sendo portanto um terceto. O Hai-kai é um poema bastante hermético de 17 sílabas métricas, com cinco sílabas no 1° e 3° verso e sete sílabas no 2°. Os temas geralmente são ligados a natureza e trabalha-se principalmente o tempo presente. O Hai-kai é anti-retórico, liso e simples.
Isso deriva-se de algumas categorias estéticas japonesas:

Kirei - o límpido, o lindo

Wabi - a penúria, a miséria (tão simples que decepciona)

Yugen - a profundidade, o mistério

O Hai-kai é uma imagem, tem economia verbal, humor e objetividade, características centrais da poesia moderna. Porém, a tradução e interpretação dos "hai-kais" originais é muito difícil, uma vez que os ideogramas japoneses não significam uma palavra, mas sim uma idéia.
De qualquer modo existem diversas variações atuais do hai-kai clássico. Uma das mais comuns é o Poetrix (admite título, até 30 sílabas etc). O grande poeta Paulo Leminski que foi um grande estudioso da cultura japonesa, produziu diversos "hai-kais" que não se enquadravam nas regras clássicas. Segundo Leminski para escrever um hai-kai são necessários cinco passos:

1) Deixe que a fórmula e o conteúdo limitem o número de sílabas;
2) Escolha um tema simples (eg. inverno, verão, natureza, bucolismo);
3) O primeiro verso expressa algo permanente, eterno;
4) O segundo, introduz uma novidade, um fenômeno;
5) O terceiro e último, é a síntese;

Bem, seja lá como iremos escrever os nossos tercetos, o importante é que o façamos.

Ai vai um que escrevi da maneira mais próxima ao hai-kai clássico que consegui.

Abraços

Tudo queria

Bateu a mão na mesa

Nada conseguiu






sexta-feira, maio 13, 2005

Pensamento profundo

Essa aqui é para os meus amigos que acharam que eu tava muito "coração mole" com esse Blog.
Beijos
As vezes, quando você chora
ninguém observa suas lágrimas...

As vezes, quando você está triste
ninguém observa seu sofrimento...

As vezes, quando você está contente
ninguém observa seu sorriso...

Mas peide apenas uma vez...

Túnel do tempo

Essa é da época em que os marqueteiros não precisavam usar "bundas e peitões" para vender seus produtos. Clique aqui para ver os comerciais da época em que a Televisão precisava esquentar para sintonizar algo.

quarta-feira, maio 11, 2005

Você, você e você

Lá vai mais um texto que começou a ser escrito em fevereiro e que foi terminado hoje. Ao som da fabulosa banda argentina de ska-jazz-reggae, Satélite Kingston, podei aqui e reescrevi ali... Lá vai a criança! Aliás, aproveito para recomendar o som do Satélite para vocês.
Confiram nesse endereço: Satélite Kingston - Una Isla (a maior parte das músicas é instrumental, mas notem a letra de Desierto - simplesmente fantástica!).
Abraços!


Você

Insinuante, estática

Penetra na alma

Emotiva a razão

É viva poesia



Desconcerta conceitos

Inebria sentidos

Sem qualquer palavra

Cala perguntas

Catequiza o cético



Ausente,

Tu és esperança

Presente,

Completa minha vida



Portanto, deixe-me gastar

Todo o tempo do mundo

Traduzindo tudo o que sinto

Em palavras bonitas

Que dedico a você


quinta-feira, maio 05, 2005

2 em 1

Não te amo mais
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada
Não poderia dizer mais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

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Sempre podemos mudar nossa história (será?). Leia agora esse poema de baixo para cima.
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Conheço esse poema faz um bom tempo. Acreditei por muito tempo que era de autoria da genial Clarice Lispector. Porém, recentemente li que esse é mais um daqueles textos anônimos que circulam pela rede. Enfim, seja lá quem for o verdadeiro autor, não deixa de ser um poema muito criativo e bonito.

Abraços