No ano em que o Name it Yourself gravou sua primeira fita-demo (Children Revolution/2000) estava reunido com meus velhos primos em uma daquelas reuniões de família. Ironicamente, meu primo Rinaldinho (ex-anarcopunksocialista) comentou que um dia eu iria “abrir” minha cabeça para outros estilos musicais, que não o hardcore/punkrock. Eu dei risada. Bem, cinco anos depois aqui estou eu admitindo que o Rinaldinho foi um cara de visão. Bem, ele previu. Mas claro que minha cabeça foi sendo aberta aos poucos na faculdade e na vida mansa de São Carlos. Primeiro entram os Beatles (esses graças ao show espetacular da banda The Beatless. Depois, o sertanejo raiz de Tião Carreiro e Pardinho e Léo Canhoto e Robertinho. Os velhos violeiros foram seguidos por Cazuza e o seu Barão Vermelho, Pink Floyd, Jethro Tull... Pois bem! Rinaldinho tinha razão. E, sinceramente, fico feliz que ele tenha tido mesmo. Recentemente, graças a minha sábia amiga Iraima (que em um momento muito oportuno me receitou escutar algumas canções específicas) e a minha amigona Luciana (que me providenciou quase toda discografia) eu enfiei na minha cabeça (e, porque não, no meu coração) Chico Buarque. Seja bem-vindo Chico, acomode-se ao lado da miscelânea musical que levo comigo. Talvez um dia eu te deixe sentar ao lado dos Ramones.
Aproveito para deixar uma letra formidável desse poeta-cantor-compositor-escritor-gênio-brasileiro.
Um beijo em vocês!
Futuros Amantes
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você